sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Alas Rotas – Frida Kahlo


Apresentação em frente à estação
Sorocabana, em 13/12.
Imagem de Rosaine Braga
Dupla Los FriDOS transforma em movimento quadros da pintora mexicana

Como adaptar uma pintura, imóvel, formada por manchas e traços de tinta sobre o espaço da tela, para outra forma de arte, e ainda mais a dança e a música, artes do tempo? Para responder essa questão a dupla Los FriDOS estreou em outubro de 2012 a performance “Alas Rotas – Frida Kahlo”, criada a partir do quadro “Autorretrato com Cabelo Cortado” (1940).

Apesar do grande número de autorretratos pintados por Frida Kahlo ao longo de sua carreira, os integrantes de Los FriDOS, Jeanice Ferreira e Alessandro Atanes, buscam trazer à vida a personagem que está pintada, ao invés da mulher real, como em uma biografia. “A Frida é mais bonita nas fotos que em seus quadros”, avalia Jeanice.

Imagem de Rosaine Braga
Para recriar, ou transcriar, “Autorretrato com Cabelo Cortado”, em que a pintora aparece sentada no centro da imagem, rodeada por mechas cortadas de seus cabelos, Los FriDOS iniciam a cena a partir de uma cadeira. Enquanto Jeanice Ferreira movimenta-se a partir das sugestões da Frida “imóvel”, Alessandro Atanes, caracterizado como Morte, inicia temas criados a partir do blues. Nessa dança entre Frida e a Morte se desenvolve a apresentação. “O trabalho é tentar imaginar que movimentação faria a figura pintada. Que história está congelada ou escondida em cada quadro?”, conta Jeanice.

A escolha da morte como personagem é uma sugestão de outros quadros da autora, em que é recorrente a figura da caveira, ligada às comemorações do Dia dos Mortos no México. “Além do gosto pessoal pelo blues e por acreditar que ele casa bem com os quadros de Frida Kahlo, pensamos que fazer música mexicana tradicional, por exemplo, poderia nos levar à caricatura”, conta Atanes.

Outro elemento recorrente nos quadros de Frida Kahlo que é usado na performance é o fio vermelho. “O fio vermelho são as veias de Frida em alguns quadros, é por ele que as duas imagens no quadro ‘Duas Fridas’ são ligadas. O fio é também a linha do tempo, costurando as cenas”.

O início
Foyer do Teatro Guarany. Imagem de Márcia Costa
A performance foi apresentada pela primeira vez em 12 de outubro no foyer do Teatro Guarany, em Santos, durante homenagem ao compositor Gilberto Mendes. Depois vieram três apresentações ao ar livre, no espaço em frente à antiga estação Sorocabana, da ferrovia São Paulo Railway, no entroncamento das avenidas Ana Costa e Francisco Glicério, um dos mais movimentados da cidade.  “O quadro da Frida está lá, é questão de ver, de descobrir o invisível ou realçar o que já está ali”, conta Jeanice, para quem o desafio dos artistas é delimitar o quadro no ambiente urbano não de forma arbitrária, mas encontrar nas ruas e nos espaços públicos os elementos simbólicos retirados dos quadros de Frida Kahlo.

Para o poeta Marcelo Ariel, que sugeriu a ideia original, “Alas Rotas é um trabalho que aproxima as poéticas da dança e do movimento de uma visão panteísta que é o centro da obra pictórica de Frida Kahlo. ‘Alas Rotas – Frida Kahlo’ não é um espetáculo biográfico e nem se baseia em aspectos históricos da vida da autora. É um poema cênico que se alimenta de ideias e do pensamento nas imagens de seus quadros”.

Ficha Técnica
Intérpretes criadores: Jeanice Ferreira e Alessandro Atanes
Filmagem: Rosaine Braga
Fotografia: Rosaine Braga e Márcia Costa

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